Li livros neste meu tempo na Terra. Não consigo lembrar de um impresso pior que o feed do Instagram, X, TikTok e derivados. Sério, sem sacanagem e sim, li e considero livros de sacanagem – 50 Tons de Cinza, etc.
Vale a mesma lógica para peça de teatro, game, filme, dança e exposições PIORES que o feed, preciso me esforçar para apontar algo de menos qualidade.
Então bem-vindo à luta, audiolivro, seu verbivoco danado. Espero que não esteja se importando de ser o assunto desta série de textos aqui no Sétimo.
Bueno, fiquei de fornecer exemplos, dar nome aos bois. Pois é. Pensei (ai, pensei)1… Não vou expor os exemplos ruins de audiolivros aqui – isso fica para os assinantes premium de O Sétimo Dia. Vamos guardar esse trunfo para um momento de necessidade, sabe como é – esse fica para o meu post-mortem.
O mundo literário tem suas sensibilidades, há razões para isso. De qualquer forma, sim, uma das travas do diálogo literário, tamo de boa, segue adiante.
Na vibe positividade do final de semana, resolvi dar um bom exemplo de audiolivro: Mel Robbins. O audiolivro The Let Them Theory ("deixa que digam / que pensem / que falem", na melhor tradução livre, que me fez buscar a obra) é narrado pela própria autora, dotada de domínio rítmico e modulação conforme a necessidade do conteúdo (tipo ser humano, manja?), além de se permitir fazer sons que ajudam na narrativa – logo no início tem um estalar de dedos sensacional; em outro trecho, dá uma bufada cavalar. Não sei se ela adaptou o texto ou se foi pensado assim, não importa. O resultado é a sensação de ela estar contando um causo, dando uma dica, um conselho.
Grande parte do que ela fala eu discordo, em outras perco alguns detalhes. Do meu ponto de escuta vista, tudo certo. Não tenho interesse suficiente para investir tempo de leitura qualificada (aka com os olhos) no trabalho. A vida é curta. Quero mais. O audiolivro amplia a quantidade de livros consum… ok LIDOS. É um cavalete anexado à mesa do banquete.
The Let Them Theory e tantos outros audiolivros me acompanham enquanto caminho, no supermercado, ao comer ou em situações em que manusear um impresso é desajeitado, quando meu cérebro está relativamente tranquilão fazendo aquilo que sabe fazer sem precisar da minha própria supervisão. Ou ainda, quando estou levemente drogado de cerveja — não sei você, mas três copos dessa bebida alcóolica incrivelmente disseminada e legalizada já me deixa sem condições de ler.
O gênero autoajuda se encaixa no audiolivro, assim como o formato de bolso vai bem em viagem — o fato de ocupar pouco espaço na bagagem é prioridade, com todo respeito, Literatura.
E eu gosto de autoajuda por interesse pessoal E profissional – trabalho em uma editora / livraria / escola de edição, me sentiria uma fraude sem não tivesse contato com esse gênero importante do campo das obras gerais. E se alguém quiser me julgar por isso, viva Jair: "deixa isso pra lá / Vem pra cá / O que que tem".
PS: Como chegamos à Mel Robbins > seu feed? Começou no texto abaixo
O Audio(que precisa ser)livro
Pesquisa aponta o rádio como a mídia mais confiável. Viu, viu, viu? Ouviu? Passa o cotonete; retomo de onde parei.
Há um caso diferente que marcou num breve tempo
Meu coração para sempre
Era dia de Carnaval
Sou super fã de audiolivro, acho a maior delícia. Não dá pra ser uma coisa assim que precise de uma grande atenção para a forma da escrita, mas livros tipo Game of Thrones, O Conde de Monte Cristo e qualquer coisa em que o enredo seja a questão são muito bons de ouvir. E tem isso mesmo que você escreveu, aumenta bastante a lista de livros "lidos".